Novamente, as alterações climáticas
Retomo o assunto alterações climáticas.
É ponto assente que as mudanças climáticas vieram para ficar.
Já se viu o que podem fazer e, explicam-nos, trarão, no futuro, enormes dificuldades à população da Terra por causa do aumento da temperatura da água dos oceanos (e a consequente subida do nível da mesma porque o gelo alojado nos Pólos Sul e Norte continuará a derreter) e da ocorrência, mais frequente, de fenómenos meteorológicos extremos como a seca (a tal ausência prolongada de precipitação) que se manifestarão, por exemplo, na erosão dos solos, no maior risco de incêndios e numa maior pressão humana sobre recursos naturais finitos como a água potável.
Abordarei, no entanto, nas linhas que se seguem, uma constatação cientificamente documentada e dois exemplos que enunciam, em minha opinião, ‘pistas’ e, claro, ‘estratégias’ a seguir para, no contexto de “luta” contra as alterações climáticas, a espécie humana, no seu todo, aproveitar a oportunidade para mudar de vida.
A constatação: o aumento demográfico.
Viviam no planeta Terra, há uma década, cerca de 6750 milhões de pessoas.
Por outro lado, o relatório World Population Prospects. The 2017 Revision, compilado pela Organização das Nações Unidas, refere que a Terra dá, hoje, abrigo a 7550 milhões de pessoas. E perspectiva que existirão, em 2050, mais de 9770 milhões seres humanos.
O primeiro exemplo: a pecuária.
Segundo o documentário Cowspiracy (que está, por exemplo, disponível na plataforma YouTube), a esmagadora maioria das reservas de água que, no mundo, poderiam servir para o consumo humano são consumidas, precisamente, pela actividade pecuária.
Ou seja, é a criação de animais (em particular, os de origem bovina) para fornecer carne e outros alimentos para o consumo humano que “absorve” a maior parte da água disponível e não a satisfação de necessidades das próprias pessoas.
O segundo exemplo: a pluviosidade e a subida da água do mar e dos rios.
O artigo “The Dutch Have Solutions to Rising Seas. The World Is Watching.” que o jornal norte-americano The New York Times publicou em meados de Junho deste ano destacou um conjunto de metodologias postas já em prática por dirigentes políticos, comunitários e pelos próprios habitantes da cidade holandesa de Roterdão – e, algumas, que foram, entretanto, delineadas – no sentido de “viver com a água” e não “de a contrariar”, por assim dizer.
Foram, deste modo, construídos reservatórios para contenção da água em caso de inundações ou, até, de precipitação.
E, também, fontes, jardins e campos desportivos em zonas da cidade menos favorecidas, económica e socialmente, para retenção da mesma.
Assim, a cidade reinventou-se, tornou-se mais verde e conseguiu, até, criar e desenvolver novos projectos de criação de empregos.
De facto, a pergunta sobre se a espécie humana entenderá as alterações climáticas como obstáculos à sua permanência na Terra ou, ao invés, como geradora de oportunidades para mudar de vida faz, quanto a mim, todo o sentido.
E tem mesmo, considero-o, que abraçar essa mudança se não quiser que lhe aconteça o mesmo que causou – e que está a causar – a inúmeras espécies da fauna (e, por extensão, da flora) do planeta: a extinção...1
O tempo está a esgotar-se e, por isso, a mudança de mentalidade(s) exige-se.
1 O estudo que a publicação científica Proceedings of the National Academy of Sciences divulgou, há poucos dias – Biological annihilation via the ongoing sixth mass extinction signaled by vertebrate population losses and declines – demonstrou, efectivamente, que estava em curso uma nova extinção em massa de espécies animais no planeta. Um dos factores apontados como estando na sua origem foi, precisamente, a sobrepopulação humana.
Ora, há muitos anos que me venho colocando uma pergunta: não serão as viagens científicas a outros planetas do sistema solar (como a Marte, por exemplo) feitas, “em última análise”, com um objectivo que é o de analisar se existem – ou se poderão vir a ser criadas – condições para que, sendo necessário (se se verificasse, por exemplo, caos militar, social e económico generalizado no planeta Terra), algumas centenas ou milhares de pessoas (possuidoras de determinadas “características” financeiras, evidentemente...) pudessem ir viver para esses planetas como os colonos de outrora?