Liberalidade hoje, conservadorismo amanhã
Uma das características psicológicas que muitos estudos científicos associam às personalidades dos seres humanos mais jovens é a irreverência.
Ou seja, o inconformismo.
Que também se manifesta na vontade de contrariar a ordem social estabelecida pela sociedade – cada vez mais global e globalizada… – em que vivem.
Creio, por isso, que as palavras escritas por Felipe Herrera no seu texto “A separação entre as gerações e o desenvolvimento internacional” (incluído no livro “A educação do futuro”, editado pela Editorial Bertrand há mais de uma vintena de anos) são capazes de fornecer pistas, por assim dizer, para poder construir uma resposta consistente para a pergunta “Mas quão intensa e ‘profunda’ (e, claro, duradoura…) é essa vontade de mudança?”.
«A rebelião da juventude não vai beber as suas origens ao domínio dos pensamentos preestabelecidos – quer se trate de ideologia ou de teorias de determinado dirigente político. Estamos em presença de um movimento espontâneo que surge, independentemente e nos mais diversos lugares, em luta contra uma sociedade altamente competitiva, na qual o êxito, avaliado em dólares ou em cêntimos, constitui a forma suprema do triunfo social. É uma rebelião contra a insanidade da guerra, a ameaça da destruição atómica, os preconceitos raciais e a injustiça, a poluição do ambiente, etc. Ela ergue barreiras contra todos os artifícios e contra a burocracia que esmaga as instituições públicas e privadas. É, em suma, uma revolta contra os aspectos negativos da nossa civilização, que se tornaram parte integrante daquilo que se chama “progresso económico moderno”.
Verificamos o despertar duma reacção emotiva e visceral entre os jovens, que os leva a voltar as costas à realidade e a procurar a sua identidade num modo de vida que lhes pertença exclusivamente.».