Morreu, no passado domingo, numa prisão dos Estados Unidos da América, Charles Manson.
Manson tornou-se, no final da década de 1960, um “guia espiritual” e, depois, o indivíduo que incitou a que o seu pequeno grupo de seguidores preparasse e levasse a cabo um conjunto de assassinatos.
Acabou por ser apanhado pela Lei e, tal como os seus companheiros, julgado e condenado.
Primeiro à pena de morte e, depois, a permanecer encarcerado até ao fim da vida.
Que durou, como já referido, até domingo e até aos oitenta e poucos anos.
A sua prisão durante mais de cinquenta anos (recorde-se, no entanto, que, nos seus tempos de juventude, Manson esteve “institucionalizado”...) merece-me um comentário.
Sem dúvida que a Justiça esteve bem ao retirar à sociedade um indivíduo e um grupo constituído por psicopatas e assassinos.
O que discuto não é, evidentemente, essa atitude.
O que discuto, sim, é o facto de os critérios da justiça e da lei não serem iguais para todos os cidadãos: se uma pessoa mais vulnerável em termos da sua integração social (mental, económica, etc.), como Manson, foi – e pode ser hoje – condenado por ter sido considerado, em termos morais, o causador de sete assassinatos, outros, no passado como no presente, na União Soviética, na China ou nos Estados Unidos da América, por exemplo, mesmo tendo ordenado acções que causaram a morte a centenas, a milhares ou a milhões de pessoas nunca foram – e nunca são – condenados em sede judicial e penal mas sim no plano político (assumem responsabilidades políticas, ou seja, demitem-se e é tudo…).
Um exemplo: morreram, nos últimos anos, cerca de 200 mil pessoas nos Estados Unidos da América em consequência das armas de fogo. Ora, quem foi (foram) e quem é (são) o(s) responsável(eis) por esta autêntica guerra?
A mesma sociedade que se preocupa com os “Mansons” deste mundo não quer saber das verdadeiras consequências dos actos do Sr. Presidente X ou do Dr. Y e até os ‘premeia’ (em actos eleitorais, por exemplo)...