Liberdade, igualdade e fraternidade. Onde estão??
Referi-me, a propósito do que aqui escrevi sobre o 25 de Abril, aos mecanismos pouco florais dos verdadeiros movimentos revolucionários e a um país do Norte de África – a Tunísia.
Creio, pois, fazer ainda sentido que o faça uma vez mais.
De facto, há quase duzentos e trinta anos que se deu a Revolução Francesa mas os seus princípios fundamentais insistem (ou alguém insiste por eles…) em não se afirmar plenamente na Europa do século XXI.
Liberdade, igualdade, fraternidade.
Começo pela igualdade: que tipo de igualdade social existe quando, por exemplo, as mulheres recebem um valor salarial (muito) inferior àquele que os homens arrecadam?
Em termos medianos, claro.
Fraternidade: que tipo de fraternidade social existe quando, por exemplo, muitos migrantes e/ou refugiados (que o são, muitas vezes, em consequência de políticas emitidas por instâncias europeias) são explorados, laboral e sexualmente, e discriminados com base nos seus hábitos culturais (desde logo no que se refere à religiosidade) e caracteristícas étnicas?
E, por fim, a liberdade: que tipo de liberdade social (e mental) existe quando a fraternidade e a igualdade são muito precárias – para não dizer inexistentes – em muitas sociedades na Europa (e no mundo, evidentemente)?
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Estou recordado de ter lido, há já alguns anos, sobre uma conferência que, em Abril de 2012, decorreu na Tunísia (sob os auspícios da Organização Mundial de Turismo) – ainda ‘longe’, pois, da intervenção do Fundo Monetário Internacional que actualmente se verifica – e que acabou por sublinhar alguns ‘pontos’ que vieram a integrar o texto “Mediterranean states agree to further tourism cooperation at UNWTO conference”: «Os países mediterrânicos concordaram em incrementar a cooperação de forma a manter a região na liderança dos destinos turísticos mais visitados no mundo: (…) a área mediterrânica recebeu o número recorde de 306 milhões de turistas internacionais em 2011, quase 1/3 do total de turistas no mundo (980 milhões). Considerado isoladamente, o território mediterrânico é, de longe, o maior destino turístico no mundo».
De facto, a embaixadora da Tunísia em Portugal, Saloua Bahri, (representante, pois, de um dos países da “Bacia Mediterrânica”) referiu mesmo, em declarações ao programa radiofónico Visão Global (rádio Antena 1) difundido no final do mês de Outubro de 2015, que o sector turístico representaria cerca de 7% do Produto Interno Bruto (isto é, toda a riqueza produzida num dado país e num ano) da Tunísia em 2015.
A verdade é que o terrorismo acabou por destruir (ou abalar momentaneamente?) o turismo e essa queda terá sido uma das responsáveis pela referida Revolução do Jasmim.