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uso externo

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28
Set18

Ser todo em cada coisa

Ricardo Jorge Pereira

Refere a placa que se encontra junto ao túmulo que contém os restos mortais do poeta Fernando Pessoa, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, o seguinte:

 

«Um dos poetas mais importantes do séc. XX.

Encarnou diversas personalidades – heterónimos – como Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.».

 

E a outra placa – ‘afixada’ no próprio túmulo do autor – recorda, de facto, um poema assinado por um destes heterónimos de Pessoa:

 

«PARA SER GRANDE, sê inteiro: nada

Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

Brilha, porque alta vive.

 

 

14.2.1933 Ricardo Reis».

27
Set18

O Turismo Vinícola em Portugal

Ricardo Jorge Pereira

No dia em que se celebra o Dia Mundial do Turismo creio ser importante relembrar, primeiro, o facto de Torres Vedras e Alenquer partilharem o título Cidade Europeia do Vinho 2018 e, depois, o facto de Portugal acolher, em 2020, a 5.ª edição da conferência da Organização Mundial de Turismo sobre o Turismo Vinícola.

Irá, com certeza, ser uma conferência em que se manifestará a necessidade de existirem políticas públicas eficazes que consigam, por um lado, promover a empregabilidade e, por outro lado, maximizar o grau de satisfação dos visitantes.

Políticas que consigam, enfim, criar sinergias que permitam que, em Portugal, o Turismo Vinícola contribua, cada vez mais, para o desenvolvimento e a afirmação do sector do Turismo até porque, como aqui referi já citando um programa radiofónico difundido na edição da rádio Antena 1, (no programa Portugal em Direto, emitido no início de Abril de 2016) em que foi feita uma entrevista a José Arruda, então o secretário-geral da Associação de Municípios Portugueses do Vinho, «Já foi o sol e praia, agora é o vinho o maior potencial turístico de Portugal. A revelação foi feita, há dois anos, por um estudo realizado pelo Instituto de Turismo: 37% dos operadores estrangeiros que foram questionados afirmaram ser o vinho o melhor argumento de promoção de Portugal no estrangeiro. Dados reconfirmados, no ano passado, por outro estudo da OMT [a Organização Mundial de Turismo]».

Ora, penso que o acolhimento, por Portugal, desta conferência será, por tudo isto, (mais) uma magnífica oportunidade e só espero que não a desperdice.

26
Set18

O Dia Europeu das Línguas

Ricardo Jorge Pereira

Assinala-se hoje o Dia Europeu das Línguas.

Este dia foi, efectivamente, criado pelo Conselho da Europa e pela Comissão Europeia no início do século XXI como forma de celebrar a diversidade linguística – e cultural – existente no seio do continente europeu.

Ora, acho que o objecto desta celebração era e é muitíssimo meritório mas lamento profundamente que a política europeia, ao mesmo tempo que celebra a diversidade, continue a tratar as migrações humanas (os movimentos de refugiados, por exemplo) através da construção de barreiras – físicas e burocráticas.

25
Set18

Existir e pensar

Ricardo Jorge Pereira

Volto ao conteúdo do texto que aqui deixei ontem.

É que me esqueci de ‘conjugar’ as palavras enunciadas por Gilles Lipovetsky com aquelas que eu próprio tinha já mentalmente esboçado depois de ter lido uma pequena frase inscrita na fachada de um prédio: «Penso mas não existo».

Modificação, claro, da frase ‘cunhada’ pelo filósofo e matemático também francês René Descartes «Penso, logo existo».

Dado o consumismo, muito exagerado, a que, actualmente, assisto, creio que faria muitíssimo mais sentido se lesse “Existo mas não penso”...

24
Set18

A era do consumo de massa(s) e do vazio

Ricardo Jorge Pereira

Escreveu o filósofo e sociólogo francês Gilles Lipovetsky num livro editado em Portugal há muitos anos com o título “A Era do Vazio” o seguinte:

 

«Consumo de massa: a despeito da sua incontestável verdade, a fórmula não é isenta de ambiguidade. Sem dúvida, o acesso de todos ao automóvel ou à televisão, ao blue jean e à coca-cola, as migrações sincronizadas do week-end ou do mês de Agosto designam uma uniformização dos comportamentos. Mas esquecemo-nos demasiadas vezes de considerar a face complementar e inversa do fenómeno: a acentuação da singularidade, a personalização sem precedentes dos indivíduos. A oferta em abismo do consumo desmultiplica as referências e os modelos, destrói as fórmulas imperativas, exacerba o desejo do indivíduo de ser plenamente ele próprio e de gozar a vida, transforma cada um num operador permanente de selecção e de combinação livre, é um vector de diferenciação dos seres. Diversificação extrema das condutas e gostos, amplificada ainda pela “revolução sexual”, pela dissolução das compartimentações sócio-antropológicas do sexo e da idade. A era do consumo tende a reduzir as diferenças desde sempre instituídas entre os sexos e as gerações e isso em proveito de uma hiperdiferenciação dos comportamentos individuais, hoje libertados dos papéis e convenções rígidas.».

 

Não sei se, de facto, este autor concordaria hoje exactamente com aquilo que escreveu há quase trinta anos (ou há mais, na verdade, se tomadas em consideração as datas do escrito original e a da tradução portuguesa…) mas mesmo que isso acontecesse eu discordo.

E discordo por isto: em minha opinião, o chamado consumo de massa(s) não permite aos indivíduos consumidores «gozar a vida», nem libertar-se das “grilhetas” impostas pela sociedade que integra no que se refere ao género e à idade, nem muito menos «ser ele próprio».

Pelo contrário, esse consumo de massa(s) torna a vida de todos quantos se lhe submetem infinitamente mais controlada mas dá-lhes, ao mesmo tempo, a ilusão de serem eles próprios e de poderem gozar e aproveitar a vida.

21
Set18

O cidadão cigano

Ricardo Jorge Pereira

Ouvi, há alguns dias, aos microfones de uma estação de rádio, o Alto Comissário para as Migrações, Pedro Calado, declarar, a propósito de um inquérito realizado em contexto escolar, que «considerar que os ciganos portugueses são uma categoria que não é portuguesa parece-me estranho. Os ciganos que vivem em Portugal há mais de 500 anos são portugueses e portuguesas como todos os outros cidadãos».

Ora, o sentimento que o conteúdo de tais declarações em mim provocou não foi o de estranheza mas o de curiosidade.

Pelo que aproveitei para, de facto, verificar como a infopédia definia “cidadão”: «indivíduo pertencente a um Estado livre, no gozo dos seus direitos civis e políticos, e sujeito a todas as obrigações inerentes a essa condição».

Ou seja, direitos (civis e políticos) e obrigações.

Mas que obrigações?

Um outro sítio, brasileiro por sinal (embora suponha que as ‘regras’ inerentes à cidadania sejam praticamente iguais em todo o mundo), ajudou-me:

«

participar das eleições, escolhendo e votando nos seus candidatos;

estar atento ao cumprimento das leis do país;

pagar os impostos devidos;

participar da escolha das políticas públicas;

respeitar os direitos dos outros cidadãos;

proteger o patrimônio público;

proteger o meio ambiente.»

Se, efectivamente, se considerar que «Os ciganos que vivem em Portugal há mais de 500 anos são portugueses e portuguesas como todos os outros cidadãos», gostaria muito que me fosse explicado quais destas obrigações é “habitual” as pessoas ‘oriundas’ desta etnia cumprirem – explicação pormenorizada, já agora, com os valores percentuais que atestam essa acção de cumprimento, por assim dizer.

20
Set18

Reacção em cadeia?

Ricardo Jorge Pereira

Vi e ouvi, há dias, num programa televisivo (de título “Brainstorm”, se não me engano) uma questão sobre Língua Portuguesa ser colocada a um concorrente que tinha como profissão ser precisamente docente de Português.

Foi-lhe posta a pergunta mas errou: sobre o que ‘era’ a palavra “tudo” não respondeu ser um pronome.

Era, no entanto, o “campeão” do referido programa.

Ora, perguntei à FENPROF acerca do facto de um professor de Português não saber responder a uma pergunta sobre Língua Portuguesa: poderiam os telespectadores desse programa televisivo – alguns milhares, certamente – e, claro, dessa ‘falha’, retirar conclusões (seguramente apressadas e fazer generalizações para toda a classe dos professores) como, por exemplo, “se os professores não passam de uns incompetentes e ignorantes, não seria mais do que previsível os seus alunos tornarem-se, no futuro, uns incompetentes e ignorantes também?”?

Mas, mais de um mês depois, só posso lamentar não me ter sido dada qualquer resposta.

19
Set18

A 'superioridade' e a 'inferioridade' civilizacionais

Ricardo Jorge Pereira

Ainda ontem aqui me referi à China.

Escolho, ainda assim, manter-me a Oriente…

A editora Cosmos publicou em 1979 o livro escrito pelo sinólogo francês Jacques Gernet, “O Mundo Chinês”.

Porque me parece sempre importante rejeitar as aparências das chamadas inferioridade e superioridade civilizacionais opto por ‘fixar’ em texto algumas informações daí extraídas, por assim dizer.

 

Inovações técnicas

 

China

Europa

Tecelagem da seda

5000 Antes de Cristo (a. C.)

Século XII

Leme à popa

Século I

Século XII

Bússola marítima

Século X

Século XII

Utilização militar da pólvora para canhão

Século X

Século XIV

Fabrico do papel

Século II

Século XIII

Imprensa com caracteres móveis

Século XI

Século XV

Fundição do ferro

Século I a. C.

Século XIV

18
Set18

O Bem do Mal e o Mal do Bem

Ricardo Jorge Pereira

Fico a dever a um texto que li sobre o destino da política externa de todo o continente africano as palavras que agora escrevo.

Tal destino parece estar, sobretudo, dependente de uma escolha de aliados: os Estados Unidos da América (personificado pelo projecto AFRICOM) ou a China (personificada pela Nova Rota da Seda)?

Ora, um comentário de um leitor desse texto deixou-me algumas ‘pistas’: «Os Africanos têm apenas que escolher entre a Morte ‘dada’ pela máquina militar norte-americana e o Desenvolvimento Económico ‘suscitado’ pela Nova Rota da Seda chinesa; entre bombas e drones norte-americanos e actividades terroristas patrocinadas por eles e estradas, linhas ferroviárias, portos e pontes financiados pelos chineses; entre escravizadores e assassinos norte-americanos e investidores e comerciantes chineses.».

Devo admitir que notei nesta abordagem um posicionamento ideológico quase “cego” por um sentimento nacionalista com certeza nem sempre consentâneo com a realidade: de um lado os norte-americanos arautos da guerra e, enfim, do Mal e, do outro, os chineses ‘mensageiros’ da prosperidade e, enfim, do Bem.

De facto, não escondo que esta minha “conclusão” se reforçou com alguns dados desvendados pelo Stockholm International Peace Research Institute: na sua ‘totalidade’, o continente africano comprou, no período compreendido entre 2013 e 2017, 50% mais de armamento de fabrico chinês do que no período 2008 – 2012.

E a consultora EXXAfrica concluiu já, no relatório “The Secret Chinese Arms Trade In The Horn Of Africa” que a «China está activamente a posicionar-se como um dos maiores fornecedores de armas ao continente africano.».

Escusado será dizer que este armamento tem servido para reforçar não apenas as máquinas militares de Estados legítimos (os exércitos regulares) mas também a capacidade bélica de vários grupos guerrilheiros que fomentam a instabilidade política e militar e “ceifam” a vida de milhares de pessoas.

Perante tais dados confesso que não consigo deixar de me lembrar de duas frases: uma, proferida pelo filósofo grego Platão – “A parte que ignoramos é muito maior do que tudo quanto sabemos – e outra, dita pelo filósofo holandês Baruch Espinoza – “Todas as coisas excelentes são tão difíceis quanto raras ...

Assim, mais uma vez, afigura-se-me «absolutamente necessário recorrer a várias “fontes” de informação sobre um determinado assunto em vez de, pura e simplesmente, aceitar ‘livremente’ os rótulos postos por terceiros...».

17
Set18

Ruth Benedict e Jorge Dias

Ricardo Jorge Pereira

Assinalo agora os setenta anos da morte de uma das mais importantes figuras da Antropologia.

A da norte-americana Ruth Benedict.

Ora, assinalo a data do seu falecimento citando-a.

De facto, escreveu Benedict numa das obras que considero fundamentais na já referida ciência social – e, também, evidentemente, na esfera das relações humanas –, “Patterns of Culture” [ou, em língua portuguesa, “Padrões de Cultura”], primeiramente publicada em 1934 mas sucessivamente ‘republicada’, o seguinte:

 

«Nenhum Homem pode ser verdadeiramente participante de uma cultura se não foi educado e criado segundo as suas formas; mas pode reconhecer que as culturas diferentes são tão significativas e racionais para quem nelas comparticipa como a sua o é para si».

 

 

 

 

 

Post scriptum: aproveito o facto de estar a referir-me a uma antropóloga para citar outro antropólogo. Não de nacionalidade norte-americana mas sim portuguesa: Jorge Dias.

Em “Antropologia Cultural”, publicado em meados da década de 1950, escreveu, também, o seguinte: «Padrão ou modelo de cultura é a feição típica que os elementos ou complexos tomam dentro de cada cultura. O padrão tem um certo caracter compulsivo que resulta da pressão que a sociedade exerce sobre os indivíduos, no sentido de obrigar a respeitar essa feição, característica de cada cultura. A compulsão não é de caracter moral, mas meramente de respeito pelo que o costume estatuiu, e verifica-se em todos os aspectos da cultura. As formas de certos objectos, certas maneiras de agir ao realizar um culto, o comportamento dos indivíduos em determinadas situações, obedecem sempre a modelos legados pelo passado.».

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