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20
Jun17

«Igreja pobre de meios, rica no amor»

Ricardo Jorge Pereira

O papa Francisco, bispo de Roma e sucessor de Pedro, presidiu, nos dias 12 e 13 de Maio de 2017, em Fátima, às celebrações do Centenário das Aparições de Nossa Senhora (o cardeal D. José Saraiva Martins garantiu, em declarações ao jornal i, que os «pastorinhos viram Nossa Senhora, não a inventaram». Já D. Carlos Azevedo, “desterrado” em Roma, em entrevista à rádio TSF, afirmou que «em Fátima, não houve aparições». Assim, um jornalista do jornal francês Le Figaro chegou mesmo a considerar Fátima como uma das “questões” mais controversas da história recente da Igreja Católica).

Tendo vindo em “peregrinação”, aproveitou o papa Francisco para canonizar Jacinta Marto e Francisco Marto, dois pequenos pastores que, em Maio de 1917 (e meses seguintes), assistiram a uma “dança do sol” que retiraria Fátima da obscuridade nos anos que se seguiriam – até agora, 100.

Lúcia, sua prima e outra das testemunhas, entrou, poucos anos depois de tal avistamento, na vida religiosa: tendo passado por vários conventos, entrou, no fim da década de 1940, no carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, onde permaneceria até à data do seu falecimento, em 2005 (sem nunca ter podido dar conta, de forma pública, das suas impressões do momento “divino” a que assistira).

Foram, na verdade, milhares e milhares de pessoas (esperava-se a afluência, ao Santuário de Fátima, de um milhão de pessoas), vindas de toda a Cristandade (representando, exactamente, 55 países1), aquelas que, juntando-se a Francisco, celebraram a sua mensagem de universalidade da paz, da tolerância, da fraternidade, da solidariedade e da compaixão.

Claro que nem sempre assim foi.

Que o digam os “testemunhos” daqueles que tiveram que passar pelas “garras” do Tribunal do Santo Ofício.

Como explicou uma exposição que o Arquivo Nacional da Torre do Tombo acolheu: «As tenções [tensões…] sociais que pautaram as primeiras décadas do século XVI motivaram D. Manuel I a pedir ao papa Leão X, a 26 de Agosto de 1515, a autorização para se estabelecer um tribunal “ao modo de Castela”. A resposta de Roma seria negativa e este seria o primeiro passo de um processo de negociação constante entre Roma e Lisboa, que se iria prolongar nas décadas seguintes. O culminar seria a publicação em Évora, em 1536, da bula Cum ad nihil magis, que instituiu a Inquisição em Portugal, com a nomeação de D. Diogo da Silva, bispo de Ceuta, como inquisidor-mor. Dando os seus primeiros passos na cidade de Évora, o tribunal passou para Lisboa nos finais de 1537. A subida ao ofício de inquisidor-mor por parte de D. Henrique, em 1539, impulsionou a actividade do tribunal. O primeiro auto-de-fé foi celebrado em Lisboa, a 26 de Setembro de 1540. Os anos de 1541 e 1542 foram marcados pela multiplicação de tribunais: Évora (reaberto em 1541), Coimbra, Porto, Lamego e Tomar».

Ora, como se observou ainda, «Ao longo dos seus quase três séculos de existência, a Inquisição marcou profundamente a sociedade portuguesa. A sua acção de vigilância e de controlo social incidiu sobre toda a população mas, sem dúvida, visou preferencialmente o sector dos cristãos-novos . Através da actuação dos agentes do tribunal e do mecanismo de denúncia, a pressão sobre as famílias cristãs-novas foi muito forte, levando muitos aos cárceres e outros à fuga para a Diáspora».

Hoje, o Tribunal do Santo Ofício existe ainda. Não já, evidentemente, com esse nome mas com outro – Congregação para a Doutrina da Fé – e, claro, com outros mecanismos igualmente menos violentos e “sinuosos” de funcionamento.

No entanto, o seu objectivo primeiro mantém-se: «promover e guardar a fé».

 

 

1Foi aproveitado o momento para fazer passar algumas mensagens do instante político, social e económico de alguns países: SOS Venezuela-No Mas Muerte ou Venezuela SOS, por exemplo…

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